sábado, 20 de setembro de 2008

Lirismo etílico

Serpenteava asfalto adentro. No meio do caminho havia uma placa. Havia uma placa no meio do caminho. Pendia, onipotente, em letras garrafais: Bar Beira Rio.
Qual improvável encontro! Ele,o viajante etílico. Ela, a placa, pensa, ébria, encharcada de poesia.
Quanto lirísmo numa placa de bar, posta que alí, torta, à beira do asfalto! Reparando bem, digamos assim, com olhos cheios de um lirismo bêbado, ele dava-se conta de que toda auto-estrada é um rio, corrente constante, desaguando aqui e acolá, desfilando deslumbrante aos olhos do dois, ele e a placa: par de ébrios à margem do rio.

Vivaldo Simão

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