Não trazia nada nas mãos escalavradas
A não ser gestos inconfidentes
A não ser a calidez das estradas
Trazia grudado ao sapato:
sóis e sangue,
mangues, mares e sertões
trazia no corpo maculado
Vestido em farrapos
a escassez de gente
e sobre os ombros cansados
um alforje de bugigangas
sem serventia
Trazia grudados ao peito:
Medo e segredo
Dores, canseiras e solidões
Desconhecida de si
Achara-se nos caminhos da loucura
perdera o juízo
E nunca mais se julgara.
Edilberto Vilanova