terça-feira, 12 de maio de 2009

Mágica

Meu bem, que a VIDA não vale a pena
E os retratos não guardam alma pequena
O que vale a beleza se não é gentil?
O que vale o sorriso se não é fato consumado?

Não há morte mágica nem sorte que valha
A pena que deixe o espelho assim: torto
O avesso da beleza é um riso frouxo
E a largura do riso tem dentes consumidos

O que vale amar se a beleza tarde?
E a manhã te verá feia
E amanhã baterei à porta de uma nova beleza
E certamente ela baterá a porta e morrerá também

Edilberto Vilanova e Rogério Freitas

Mudança de estação

Nada disse de absurdo
E você fez susto desse amor
Soltou as amarras da âncora que retinha a nau
E a nau sumiu
Como nuvem que chove e se vai
Como fruta caída
Como um caso comum
Só um caso comum!
Mais um romance sazonal
Mas já é outra estação
E os ventos já não varrem folhas de outono...


Vivaldo Simão & Edilberto Vilanova

A ilha

A poesia inudou minha cama
Minha alma, meus corpo
Meus discos rígidos
Meus livros, meus cenários
Agora, com a luz apagada
Entre as águas que me separam do embaraço
Num mundo de trevas vejo
Um mar de palavras
Um beija-flor que bebe mel
Nos olhos da minha doce namorada
Sonho a face da poesia
Na face da bem amada
Sem susto, sem medo das águas
Não mande navios ou aeronaves
Eu prefiro ficar assim: ilhado

Edilberto Vilanova

Sonetilho

Como flor desabrochando
No despontar da manhã,
Como pássaro cantando
Nos galhos do flamboyan;

Como rio sobre a serra
Beijando todo o luar,
Como orvalho vindo à terra
Pra semente germinar;

Como lagoa silente
De bom perfume envolvente,
Exalando maravilha;

É a luminosa graça
Dominante que perpassa
No rosto de minha filha.

Rogério Freitas