Namorar as paisagens mais que belas,
Ouvir da natureza seu gemido;
O lavrador suado, em alarido,
Arriscando as toadas mais singelas.
Absorver todo o eflúvio das estrelas
Sobre as rosas ou no ar amanhecido,
Admirar mesmo o vento desabrido
A bater incessante nas janelas.
Abraçar os alísios à tardinha,
Quando o sol se debruça e dá à vinha
E ao horizonte calmo a cor mel,
Depois no ateliê em alto adro
Misturar tudo, sorrir; eis o quadro
Pintado com palavras no papel.
Rogério Freitas
sábado, 5 de junho de 2010
Inocência
Lá estão eles, ambos garotinhos,
Ele segura a bola, ela a boneca
Sorridente o garoto e mais sapeca
Chega-se a ela, confessa segredinhos.
Ela sorri, mostrando seus dentinhos,
De lado deixa um pouco a tal boneca,
Lhe faz um gesto. Ele ri, não se peca
Quando a intenção é receber carinhos.
Se lá chega outro ou outra com carência
De lhes falar; não, não se vê furor,
Nas faces só a mesma complacência.
A sós de novo, volta o mesmo alvor,
Aquela doce ingênua confidência...
Só mesmo na inocência existe amor.
Rogério Freitas
Ele segura a bola, ela a boneca
Sorridente o garoto e mais sapeca
Chega-se a ela, confessa segredinhos.
Ela sorri, mostrando seus dentinhos,
De lado deixa um pouco a tal boneca,
Lhe faz um gesto. Ele ri, não se peca
Quando a intenção é receber carinhos.
Se lá chega outro ou outra com carência
De lhes falar; não, não se vê furor,
Nas faces só a mesma complacência.
A sós de novo, volta o mesmo alvor,
Aquela doce ingênua confidência...
Só mesmo na inocência existe amor.
Rogério Freitas
Marcadores:
inocência,
Oeiras,
Rogério Freitas,
soneto
Inscrição na pedra bruta
A chuva se armou
com trincheiras, foices e machados:
a todo vapor reuniu
um batalhão de soldados nas nuvens
que desceram pingo a pingo
alastraram-se em correnteza terra adentro
arrastaram casas e faces.
e depois de um árduo trabalho
escreveram na pedra bruta do morro velho:
erosão.
Edilberto Vilanova
com trincheiras, foices e machados:
a todo vapor reuniu
um batalhão de soldados nas nuvens
que desceram pingo a pingo
alastraram-se em correnteza terra adentro
arrastaram casas e faces.
e depois de um árduo trabalho
escreveram na pedra bruta do morro velho:
erosão.
Edilberto Vilanova
Marcadores:
Edilberto Vilanova,
erosão,
natureza
Prosa moderna
O sexo ativou os satélites do ID e não houve EGO nem SUPEREGO que invadisse seu sinal: ele pintou e bordou. Rompeu os bits da internet. Provocou orgasmos múltiplos na tela cibernética. E enquanto o amor amofinava-se nas bibliotecas, ele botou o bloco na rua, subiu no trio elétrico e fez a festa. Desesperado, o amor saltou dos livros e gritou:
_Eu também quero entrar na dança.
Eis que o sexo reparou sua armadura com um olhar iâmbico e berrou:
_Aqui só dança quem tira a roupa.
Então o amor fitou seu próprio corpo, olhou com sinceridade para suas rugas, notou que já estava anacrônico, enfim percebeu que nesse mundo não há mais lugar para quem usa roupas. Tocado pela tristeza dos dias brancos, o amor entrou em uma depressão profunda. Foi ficando cada vez mais moribundo, até que se desamorizou e saiu de cena.
Hoje o amor é coisa encantada, causo que de tanto ser contado virou lenda, história antiga escrita à dura pena.
Edilberto Vilanova.
_Eu também quero entrar na dança.
Eis que o sexo reparou sua armadura com um olhar iâmbico e berrou:
_Aqui só dança quem tira a roupa.
Então o amor fitou seu próprio corpo, olhou com sinceridade para suas rugas, notou que já estava anacrônico, enfim percebeu que nesse mundo não há mais lugar para quem usa roupas. Tocado pela tristeza dos dias brancos, o amor entrou em uma depressão profunda. Foi ficando cada vez mais moribundo, até que se desamorizou e saiu de cena.
Hoje o amor é coisa encantada, causo que de tanto ser contado virou lenda, história antiga escrita à dura pena.
Edilberto Vilanova.
Domingo
Passadas as feiras
Feitas as compras
Aumentadas as contas
Mingo do domingo
As chagas maculadas pelo sábado
Concebido pelo pecado
Adormecido
Consumo goles de ociosidade
Concedidos em face
De vontades minguadas.
Edilberto Vilanova
Feitas as compras
Aumentadas as contas
Mingo do domingo
As chagas maculadas pelo sábado
Concebido pelo pecado
Adormecido
Consumo goles de ociosidade
Concedidos em face
De vontades minguadas.
Edilberto Vilanova
De calças curtas
Um sujeito de calças curtas
é o menor dos humanos
como quem anda descalçado
na terra dos homens de sapato
Tem um q de imoral na pele da perna
nos pelos, na derme
o cerne da questão
é que "a questão é de ordem"
Tem um "q" de caos e crime
em não ter o pano
sobre a pele da perna
como a cara das mulheres árabes
como os ombros das indianas
suspeito que minha pele esquálida
transpire algo de sexo joelho abaixo
é o que me parece aos olhos dos senhores
todos cheios de calças e poses
nesta instituições
chamadas de respeitosas.
Vivaldo Simão
é o menor dos humanos
como quem anda descalçado
na terra dos homens de sapato
Tem um q de imoral na pele da perna
nos pelos, na derme
o cerne da questão
é que "a questão é de ordem"
Tem um "q" de caos e crime
em não ter o pano
sobre a pele da perna
como a cara das mulheres árabes
como os ombros das indianas
suspeito que minha pele esquálida
transpire algo de sexo joelho abaixo
é o que me parece aos olhos dos senhores
todos cheios de calças e poses
nesta instituições
chamadas de respeitosas.
Vivaldo Simão
Marcadores:
falsa moralidade,
poema humorístico,
Vivaldo Simão
Assinar:
Postagens (Atom)