Um convite pra falar do tempo e eu busco uma fresta, uma
réstia de ideia. Vou ao Google: 145.000.000 resultados. Nenhuma resposta. De
que tempo estamos falando afinal? De Kairos ou de Chronos? Do tempo da moça do
jornal, com nuvens carregadas no fim da tarde, pancadas de chuva no começo da
noite? Previsões do tempo são possíveis? Tenho comigo que tempo é o que chamam Deus ou talvez maior que isso. Pensa comigo: Onde vai dar o tempo? De que
nascente brota? A gente olha e a resposta é oca. O tempo é imenso e só. Do
tamanho de que? De quem? Do tamanho do tempo! Nada é mais que o tempo! Tenho comigo que
isso é o que chamam de Deus: o infinito adiante, correndo em frente, deixando
pra trás o rastro do infinito. O tempo é como a historinha da cobra que morde o
próprio rabo. O coelho de Alice não tinha tempo. “A farta falta de tempo
consome o tempo das coisas” mas a falta de tempo ainda é tempo. O tempo que não
se tem é tempo. O tempo... paradoxo! Vejamos: ..., não, não. Ainda não
entendo! Pergunto um dos maiores homens do seu tempo. Ele responde: “Uma
ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e
persistente ilusão.” Mas eu sei que isso ainda não é o tempo. As pedras não se
iludem porque não percebem. A ilusão só ataca aquilo que pensa e sente. Muito
antes da consciência e das sensações havia o tempo. Aliás... Aliás, sempre
houve o tempo."Oh Tempo Rei! Ensinai-me, oh Pai! O que eu, ainda não
sei." Eu nada sei sobre o tempo.Tanta coisa pra dizer. Nada de concreto.
Quer saber?! Já é tarde. Nada mais a dizer. Não há tempo!
Vivaldo Simão
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