sábado, 5 de junho de 2010

Prosa moderna

O sexo ativou os satélites do ID e não houve EGO nem SUPEREGO que invadisse seu sinal: ele pintou e bordou. Rompeu os bits da internet. Provocou orgasmos múltiplos na tela cibernética. E enquanto o amor amofinava-se nas bibliotecas, ele botou o bloco na rua, subiu no trio elétrico e fez a festa. Desesperado, o amor saltou dos livros e gritou:
_Eu também quero entrar na dança.
Eis que o sexo reparou sua armadura com um olhar iâmbico e berrou:
_Aqui só dança quem tira a roupa.
Então o amor fitou seu próprio corpo, olhou com sinceridade para suas rugas, notou que já estava anacrônico, enfim percebeu que nesse mundo não há mais lugar para quem usa roupas. Tocado pela tristeza dos dias brancos, o amor entrou em uma depressão profunda. Foi ficando cada vez mais moribundo, até que se desamorizou e saiu de cena.
Hoje o amor é coisa encantada, causo que de tanto ser contado virou lenda, história antiga escrita à dura pena.


Edilberto Vilanova
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário