sábado, 25 de outubro de 2008

Submarino

Na hora do mergulho, submerso o submarino subverteu-se
E agora, eis-me a desfazer o sonho em taça,
Eis-me a seguir relâmpagos na desventura dos cálices,
A entornar vácuos e acordar fantasmas
Eis me aqui: dragão nebuloso, risonho e asqueroso
Quando o coração já é fumaça
E o peito se derrama outra
o silêncio grita outra vez
Pois já rodopiaram os instantes e se quebraram os limites.
Quando tudo se cala,
Explodem raros castiçais de nuvens desvirginadas
Em espirais convulsas de hálitos mofados.
Mas a boca ainda se abre e de sobressalto, em retalhos,
Resta a fala e diante dos olhos há tantas coisas!
Tantas palavras que antes eram náufragios
E agora são naus, que embora desatinadas, carregam um grande fardo
E ainda conseguem fugir do sopro da tempestade.

Edilberto Vilanova

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